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Código de ética de um Designer


Um Designer é antes de mais um ser humano.

Antes de ser designer, és um ser humano. Todos nós fazemos parte de um contracto social. Todos partilhamos o mesmo planeta. Ao escolhermos ser designers, estamos a escolher uma profissão com uma capacidade única de impactar o meio e as pessoas que nos rodeiam – design é um pau de dois bicos, tanto pode ajudar como prejudicar. O impacto da tua prática na sociedade deve ser um aspecto chave no teu trabalho.

Todos nós temos a responsabilidade de fazer o nosso melhor para deixar o planeta em melhor estado do que o encontramos. Como designer não podes ignorar esta premissa!

Quando produzimos trabalho que explora desigualdades sociais ou exclusão de classes para ser bem sucedido, estamos a falhar com o nossa cidadania, e consequentemente a falhar como designers.

Um designer é responsável pelo seu trabalho.

Design é uma disciplina de acção. Enquanto profissional, és responsável pelo teu trabalho. O fruto do teu trabalho tem o teu nome. Embora seja muito dificil prever como o trabalho será usado, não podes ficar surpreso quando um projecto desenhado para prejudicar alguém cumpre a sua missão. Não podemos ficar surpreendidos quando uma arma desenhada por nós mata alguém. Não podemos ficar surpreendidos quando desenhamos um banco de dados para catalogar imigrantes e consequentemente ajudar a esses imigrantes a serem deportados. Quando estamos, conscientemente, a desenhar artefactos que vão acabar por prejudicar alguém, estamos a abdicar da nossa responsabilidade. Quando na nossa ignorância produzimos trabalho que prejudica outros porque não consideramos todas as implicações do mesmo, somos duplamente culpados.

O trabalho que produzes é o teu legado. Que vai sobreviver a ti. É a tua voz.

Um designer valoriza ética sobre estética.

Nós precisamos de temer mais as consequências do nosso trabalho mais do que gostamos das nossas ideias.

Design não existe num vácuo. Tudo o produzimos está, directa ou indirectamente, relacionado com o meio que nos rodeia - um sistema complexo em que nós, designers, temos a capacidade de produzir impacto em todos os seus aspectos - positiva ou negativamente. Enquanto designers temos de avaliar o nosso trabalho com base no impacto do mesmo no mundo real, em deterimento de qualquer consideração estética. Um objecto desenhado, e intrumentalizado, para prejudicar alguém nunca pode ser considerado 'um bom design', independentemente de todos os seus outros aspectos. Nada que um regime totalitarista produça pode ser considerado 'um bom design porque' porque foi desenhado por um regime totalitarista.

Um designer deve às pessoas que os contratam não apenas o seu trabalho, mas também o seu conselho.

Quando és contratado para um projecto, estás a ser contratado pelas tuas competências. O teu trabalho não passa apenas pela produção e execução do projecto mas também por avaliar o impacto do mesmo – enquanto designers somos responsáveis pelos conselhos que damos aos clientes.

Ao identificarmos aspectos menos positivos do projecto, é a nossa responsabilidade comunica-los ao cliente e se possível apresentar soluções para mitigar os impactos do projecto. Não sendo possível eliminar os impactos negativos do projecto é a tua a responsabilidade de garantir que o projecto não vê a luz do dia. Noutras palavras, tu não és apenas contratado para cavar um buraco, mas também para avaliar o impacto económico, social e ambiental desse buraco. Caso tenho um impacto negative é a tua responsabilidade destruir as pás! Um designer usa as suas competências ao serviço de terceiros sem ser um criado. Saber dizer não faz parte do processo. Perguntar ‘porquê’ é fundamental. Perguntar a nós próprios, a razão pela qual estamos a fazer o que estamos a fazer é mais importante do que perguntar ‘se conseguimos’ fazer.

Um designer valoriza a crítica.

Nenhum código de ética deve proteger o teu trabalho de critica, seja de clientes, o público em geral, ou outros designers. Ao invês, deves encorajar critica, como um aspecto fundamental para atingir melhores resultados no futuro. Se o teu trabalho é tão frágil que não aguenta uma critica, então nem sequer devia existir. O papel da crítica no process de design é, quando feito adequadamente, avaliar e melhorar processos e projectos. A critica é fundamental para identificar boas estratégias e impedir a continuação de más.

Devemos procurar critica em todos os passos do processo de design. É tua a responsabilidade criticar o teu trabalho.

Um designer esforça-se por conhecer o seu público.

Design é a intenção de solucionar um problema dentro de um conjunto de parametros, oportunidades e constragimentos. Para perceber se estás a resolver um problema adequadamente tens de te involver com todos os ‘actores’ que experienciam esse problema. Tens sair da tua secretária e experiênciar o problema que queres resolver, no mundo real, por ti próprio. E se fazes parte de uma equipa, a tua equipa deve esforçar-se por conhecer e reflectir as preocupações e desejos dessas pessoas no processo de design. Quanto mais fores capaz de incluir as multi-perspectivas inerentes a um problema, mais hipóteses tens de resolver o mesmo - resolver problemas complexos nos dias de hoje requer multi-perspectivas.

Se queres saber como uma mulher usaria algo que estas a desenhar, então incluí uma mulher no teu processo de design, na tua equipa.

Um designer não acredita em casos extremos.

Quando decides para quem estás a desenhar, estás implicitamente a decidir para quem não estás – durante anos que a industria se refer a estas pessoas como ‘não cruciais’ ao sucesso do projecto em questão, consequentemente estamos a marginalizar estas pessoas. Ultimamente a decidir que que os problemas destas pessoas não valem a pena ser resolvidos. O Facebook atingiu recentemente os dois biliões de utilizadores. 1% desses utilizadores, o que muitos chamam de casos extremos, são vinte milhões de pessoas. Estas são as pessoas que se encontram no extremo de um sistema. Eric Meyer defende que quando chamamos a algo de ‘caso extremo’, estamos na realidade a definir os limites da nossa intervenção, a definir com o que nos preocupamos.

“When you call something an edge case, you’re really just defining the limits of what you care about.” — Eric Meyer These are the trans people who get caught on the edges of “real names” projects. These are the single moms who get caught on the edges of “both parents must sign” permission slips. These are the elderly immigrants who show up to vote and can’t get ballots in their native tongues.

They are not edge cases. They are human beings, and we owe them our best work.

Um designer faz parte de uma comunidade profissional.

Tu fazes parte de uma comunidade professional, e a maneira como trabalhas tem um impacto em toda a comunidade. Tal como as mares afectam todos os barcos. Se fores desonesto com um cliente ou o teu chefe, estás a prejudicar o próximo designer. Se trabalhares de graça, espera-se que o próximo designer também o faça. Senão produzires mau trablho, o próximo designer terá de trabalhar a dobrar.

Enquanto um designer tem o direito de ganhar a vida na melhor das suas capacidades, oportunidades e constragimentos, fazê-lo às custas de outros designers tem um impacto e custo partilhado por toda a comunidade.

Um designer deve procurar construir e participar na comunidade, não divide-la.

Um designer promove uma cultura diversificada e competitiva.

Durante a toda a sua vida professional, um designer procura apreender. Isto implica a capacidade de auto-critica, de identificarmos o que não sabemos, e de ouvir. Ouvir as experiências de outras pessoas é fundamental – encorajar a participação no processo de design de pessoas com diferentes experiências e culturas. Como designers temos a responsabilidade de criar o espaço para incluir o maior número de perspectivas possíveis, perspectivas que temos marginalizado ao longo da história do design. Diversidade é fundamental para atingir melhor resultados e soluções. Diversidade produz melhor design.

Um designer deve estar consciente do seu ego, das suas limitações, saber calar-se e ouvir, agradecer por cada oportunidade de defender as suas ideas, e lutar por incluir todos os acotres envolvidos e afectados na resolução do problema.

Um designer tem tempo para auto-reflexão.

Ninguém propositadamente atira com os seus valores e ética pela janela fora. É um processo lento, de concessão em concessão – uma série de pequenas decisões que te desviam de uma prática com valores e ética.

É importante perder tempo e reflectir na nossa prática. Avaliar decisões recentes, estás a ser honesto contigo? Ou estás lentamente a menosprezar os teus valores éticos? Estás a desviar-te dos teus valores? O teu ambiente de trabalho, a tua equipa tem falt de ética? Muda de trabalho.

O tua profissão é uma escolha. Se faz favor exerce-a correctamente.